Finalmente sei que vou estagiar para o Jornal PÚBLICO, no Porto. A partir de Fevereiro estarei a tempo inteiro na Invicta. A ver vamos como vai ser. Até lá, ainda reformulo este sítio.
A seu tempo tudo o que prometi.
Jornal Universitário de Coimbra A CABRA
“Espero matar o Dali”
A diferença entre a realidade e a ficção, a verdade e a mentira integram “Hysteria”, peça de teatro que estreia dia, quinta-feira, 23, no TAGV
Hampstead. Londres. Ano de 1938. Um homem de cabelo e barba branca, adoentado, de óculos redondos sobre o nariz, senta-se no seu divã. Está sereno. Vindos da rua, gritos de uma mulher abalam esse sossego. Freud inquieta-se e dirige-se à porta.
A peça, representada pela primeira vez no Royal Court Theatre de Londres, em 1993, não teve até agora tradução para a língua portuguesa. Coube a João Paulo Moreira adaptar a trama, “facilitando-lhe a compreensão para a linguagem teatral”, refere o actor Fernando Taborda.
Da autoria de Terry Johnson, a peça apresenta-nos o encontro entre o pai da psicanálise, Freud, e Dali, mestre surrealista. Esta improvável junção de personagens coabita num misto de comédia e tragédia, onde o espectador pode retirar as suas próprias conclusões.
Chove lá fora. Jessica entra na sala e não de pára de gritar. Freud fica confuso com esta visita, deixando transparecer o cansaço característico da sua fragilidade. Histericamente, a mulher vai criando um enredo que prende quem vê. Levanta questões que assombram o pai da psicanálise e abre caminho à chegada de outras personagens. Para o encenador, José Geraldo, “o texto é fascinante a vários níveis. As personagens que entram na peça e os problemas que representam são actuais e apelativos”.
O conceito de juntar Freud e Dali num mesmo momento, em nada restringe quem pode ver a peça. “O espectáculo é perfeitamente simples, sem grandes reflexões e discursos”, aponta Rui Damasceno, actor que dá vida ao pintor surrealista.
A história não fica retida no seu tempo. O encontro entre o pai da psicanálise e Dali, em 1938, acompanha todo o caminho humano, transposto ao longo de toda a peça. O texto desmistifica os mitos, desconstrói a própria existência e, em rasgos de histeria, adapta-se a cada um de nós. “Existem muitas camadas, entre elas, o consciente e o inconsciente, e quem vê a peça pode ler a camada que quiser”, sublinha o encenador.
Num misto de situações pesadas e simultaneamente sérias, e no retrato de episódios burlescos, as personagens vão surgindo pouco a pouco.
“No teatro, se não trouxer nada de novo não presta”
“Há realmente uma luta entre estes três megalómanos, um da psique, outro da pintura, baforada cómica da peça, e outro da religião”, comenta Fernando Taborda. O drama já não se distingue da comédia mas integra-se nela. A caricatura de Dali é feita por necessidade, para rasgar a ideia que o público tem da personagem. “Espero matar Dali” é o objectivo que Rui Damasceno pretende fazer na interpretação do pintor catalão.
O lado sério de composição da personagem, da corporalidade e interioridade é a dificuldade encontrada pelos actores. Ricardo Correia que interpreta Freud aponta que a criação do jogo entre o real e o ficcionado “tem de ser algo verosímil e não um boneco”. Ao contrário de Dali, a personagem de Freud tenta manter-se na realidade.
Os apoios para o exercício do teatro em Coimbra continuam ainda longe da realidade da arte de palco. Margarida Mendes Silva, produtora e autora do projecto “Hysteria” afirma que é muito complicado arranjar espaços na cidade. “É uma luta muito inglória mas conseguimos com o inestimável apoio do Instituto Português da Juventude (IPJ) apresentar este projecto.” Para já o estão marcado espectáculos no TAGV nos dias 23,24 e 25 de Outubro, seguindo-se outra temporada no final de Novembro e início de Dezembro no auditório do IPJ em Coimbra.
A exploração do universo temático de “Hysteria” é o ponto de partida para a realização de uma série de actividades paralelas como um atelier de contos para a infância, uma tertúlia, uma oficina de escrita teatral, um workshop de maquilhagem e uma inauguração de uma exposição plástica.
Outubro
19 - Thievery Corporation - Coliseu de Lx
30 - Róisín Murphy - Coliseu de Lisboa
31 - Róisín Murphy - Casa da Música, Porto
Novembro
7 - Fat Freddy's Drop - Pavilhão dos Lombos, Carcavelos
7 - Nouvelle Vague - Campo Pequeno, Lx
8 - Nouvelle Vague - Teatro Sá da Bandeira, Porto
11 - Sigur Rós - Campo Pequeno, Lx
(para este já tenho o bilhete, bancada 384)
10 - Gogol Bordello - Campo Pequeno, Lx
O evento organizado pelo Centro de Estudos de Comunicação e Sociedade (CECS) da Universidade do Minho contou com a presença de jornalistas conceituados do panorama português, como António Granado (Público), Adelino Gomes (actual provedor de opinião da RDP), Pedro Leal (RR), David Pontes (Lusa) entre outros, das mais diversas áreas de actuação.
Durante todo o dia o jornalismo esteve em debate, na tentativa de se perceberem realmente quais as necessidades e as mudanças emergentes do jornalismo em Portugal.
Jane Singer, professora e investigadora americana apresentou algumas das conclusões dos seus estudos relacionados com a prática jornalística e afirmou que “o problema de hoje no jornalismo não é jornalístico mas económico”.
A ética e a deontologia tomaram destaque na sessão da tarde, com os comentários de Adelino Gomes ao documentário sobre a situação do jornalismo na década de 90.
O uso das novas ferramentas e o incremento cada vez mais necessário dos suportes audiovisuais foram as soluções discutidas para as mudanças actuais na profissão.
A experiência de viver em comum com mais de quarenta pessoas
O ingresso no ensino superior acarreta inúmeros custos e muda radicalmente os hábitos quotidianos de qualquer estudante. Coimbra, a cidade dos estudantes por excelência, não foge à regra e ao longo dos anos tem desenvolvido infra-estruturas e apoios adequadas às necessidades dos novos alunos.
Reportagem por Vanessa Quitério
Fotos e Vídeo por Vanessa Quitério
A experiência de entrar no ensino superior é algo que marca e que inicia uma nova fase na vida de qualquer estudante. O partilhar casa ou quarto com um grupo de amigos é algo comum na cidade de Coimbra, bem como em qualquer cidade universitária do nosso país. Mas partilhar um quarto com outra pessoa, num universo de mais trinta e oito pessoas é uma situação que nem todos percepcionam ou alguma vez experimentaram.
Atentos a esta situação e com vista a melhorar as condições de permanência de centenas de estudantes que ingressam o Instituto Politécnico de Coimbra (IPC), os Serviços de Acção Social do IPC têm desenvolvido mecanismos de apoio social de forma a auxiliar os estudantes mais carênciados.
O objectivo destes serviços é favorecer um acesso fácil ao ensino superior e discriminar de forma positiva os alunos economicamente mais carenciados e/ou deslocados através da prestação de serviços de apoios pontuais.
De entre os apoios prestados destacam-se:
- Bolsas de estudo e auxílio de emergencia;
- Alojamento;
- Alimentação em cantinas;
- Serviços de saúde e de clínica geral;
- Apoio a actividades despotivas e culturais.
Ana Martins, aluna na Escola Superior de Educação, dá o seu testemunho sobre a sua vivência nas residências do IPC.
As residências são unidades habitacionais destinadas a estudantes, a preços acessíveis, com vista a adequar um ambiente de estudo e convívio entre estudantes e promover a integração dos mesmos.
Os SASIPC dispõem actualmente de cinco blocos residênciais para estudantes: dois em Bencanta, junto à Escola Superior Agrária de Coimbra e três na Quinta da Nora, junto ao Instituto Superior de Engenharia de Coimbra (ISEC). Também na Quinta Agrícola em Bencanta encontram-se três casas que alojam estudantes do IPC.
Nos três blocos residenciais perto do ISEC, dois para raparigas e dois para rapazes, estão albergados cerca de 148 alunos. Cada bloco está equipado de quartos duplos, com casa de banho privativa e aquecimento central, uma sala de convívio, quatro salas de estudo, quatro cozinhas totalmente equipadas e uma lavandaria com máquina de lavar e secar.
Recentemente foi disponibilizada rede wireless por todo o complexo das residências, proporcionando assim uma melhoria na qualidade de vida dos estudantes que, anteriormente, tinham de se deslocar até ao ISEC ou ao Coimbra Shopping para aceder à internet.
O número de candidaturas ao alojamento do Instituto Politécnico de Coimbra tem subido consideravelmente nos últimos anos. Segundo fonte dos Serviços de Acção Social do IPC, actualmente cerca de duzentos e setenta estudantes beneficiam deste tipo de apoio.
“É uma experiência agradável e que me ajudou a crescer, a ter que partilhar” refere Joana Pimentel, estudante da Escola Superior de Coimbra, que está nas residências do IPC deste Setembro.
Ana Martins, estudante de Comunicação Organizacional na ESEC desempenha o papel de delegada da R3 do IPC, na Quinta da Nora. Este cargo consiste na harmonização das relações interpessoais daqueles que auferem deste tipo de apoio e no auxílio em questões de ligação entre os estudantes e os SASIPC. “Há muita gente que não lida bem com a liderança”, refere. “ Tento fazer o meu melhor e ajudar no que puder”.
As redes de apoio social são também uma mais-valia para estes novos estudantes e um bem essencial para a sobrevivência e subsistência de muitos estudantes nesta nova fase. Cada vez mais os alunos que ingressam o ensino superior necessitam de apoios sociais e recorrem aos serviços de Acção Social das suas faculdades e Institutos.
(ver quadro abaixo)
O projecto das residências nº3 do Instituto Politécnico de Coimbra foi uma obra dos arquitectos Gonçalo Afonso Dias e de Daniela Antunes. A sua construção ocorreu entre 1999 e
A estrutura habitacional do IPC, composta por cinco blocos autónomos (só quatro é que servem de habitação a estudantes), faz a alusão às carruagens de um comboio descarrilado, criando assim a ilusão de um corpo único. A sua maqueta, da autoria dos já referidos arquitectos, foi integrada na exposição “Habitar Portugal 2003/2005”, estando em exposição no ano de 2006 no Cento Cultural de Belém.
Alguns links úteis:
Página pessoal de Carlos Fiolhais: http://nautilus.fis.uc.pt/~cfiolhais
Blog "A Natureza das Coisas": http://dererummundi.blogspot.com/